Universidades paulistas lançam o "Índex Igualdade de Gênero nas Universidades Públicas do Estado de São Paulo"
As universidade públicas paulistas lançaram, no dia 17 de dezembro de 2025, pelo Fórum Paulista pela Igualdade de Gênero nas Carreiras Científicas e Acadêmicas a 1ª edição do Índex Igualdade de Gênero nas Universidades Públicas do Estado de São Paulo (link externo). O relatório, fruto de uma parceria entre a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade Federal do ABC (UFABC), analisa a participação de homens e mulheres nos diferentes estágios da carreira docente, observa a ocupação de cargos de chefia e explora dados sobre cor/raça. Na UFSCar a coleta e organização das informações foram coordenadas pela professora do Departamento de Letras (DL) Diana Junkes Bueno Martha, num trabalho intenso e comprometido do Observatório Mulheres (link externo) da instituição.
O Índex, que examina dados fornecidos pelas instituições paulistas referentes ao ano de 2023 e 2024, destaca o predomínio de indivíduos do gênero masculino na carreira docente: 59,5% do total da amostra são homens e 40,5% são mulheres. Na UFSCar, 54,5% dos docentes são do gênero masculino, enquanto 45,5% são do gênero feminino. A instituição possui uma proporção de mulheres docentes acima de outras quatro universidades - UFABC (32,7%), Unicamp (37,3%), USP (37,6%) e Unesp (41,5%).
Ao analisar os diferentes estágios da carreira - professor doutor, professor associado e professor titular - é possível observar o “efeito funil”, que consiste na diminuição do número de mulheres à medida que as hierarquias avançam. Somando os dados das seis instituições participantes do estudo, 44,8% dos professores doutores são mulheres. Os números se modificam com a progressão da carreira: 40,6% dos professores associados são mulheres e 29,4% dos professores titulares são do gênero feminino. A UFSCar apresenta uma realidade um pouco diferente das outras instituições, tendo 45,9% de professoras doutoras, 47% de professoras associadas e 33,1% de professoras titulares.
Outro aspecto examinado pelo relatório é o enquadramento na carreira docente por gênero e raça, que evidencia a desigualdade racial presente nas universidades públicas paulistas. Na Universidade Federal de São Carlos, 82,8% das professoras doutoras, 89,6% das professoras associadas e 93,5% das professoras titulares se autodeclaram brancas, enquanto 4,9% das professoras doutoras, 2,4% das professoras associadas e 2,2% das professoras titulares se declaram de cor amarela. As docentes pardas são 11,3% das professoras doutoras, 7,4% das professoras associadas e 4,3% das professoras titulares, enquanto as docentes negras ocupam 1% dos cargos de professora doutora e 0,7% dos cargos de professora associada.
A Vice-Reitora Maria de Jesus Dutra dos Reis, uma das autoras do Índex e representante da UFSCar no Fórum das Universidades Públicas de São Paulo, aponta que a “sobrerrepresentação de docentes, brancos e brancas, é realidade inegável da UFSCar; no entanto, a instituição tem procurado avançar investindo numa política de formação e contratação que possa fazer diferença significativa num futuro não muito distante. A meta é avançarmos para a ampliação da diversidade no quadro de servidores da instituição, fortalecendo a presença de negros e negras em todas as áreas de formação. Em igual medida, tendo um quadro discente de quase 400 alunos indígenas somente em 2025, a instituição tem discutido a importância de promover condições que possibilitem a ampliação de representantes de diferentes povos originários no seu quadro de servidores”, destacou a gestora.
O último aspecto analisado pelo relatório é a ocupação de cargos de chefia. A observação da amostra total, que aglutina os dados das seis universidades públicas do estado, evidencia a preponderância do gênero masculino em posições de direção ou chefia, enquanto 58,1% dos cargos são ocupados por homens, apenas 41,9% são ocupados por mulheres. Essa realidade é diferente na Universidade Federal de São Carlos, que apresenta uma distribuição mais equilibrada: 51,9% dos cargos de gestão ou chefia são ocupados por homens e 48,1% são ocupados por mulheres.
Incluindo a variável cor/raça na observação, a UFSCar se destaca como a universidade com menor número de professoras titulares brancas (75%) e maior número de professoras titulares pardas (25%) em cargos de chefia ou gestão. “É interessante notar que embora a proporção de docentes mulheres titulares pardas seja relativamente pequena (4,3%) na UFSCar, 25% delas estão ocupando algum cargo de chefia, demonstrando o alto envolvimento destas mulheres no processo de gestão da instituição” ressalta a professora Maria de Jesus Dutra dos Reis.
Saiba mais sobre o Índex
"Universidades públicas paulistas comparam seus indicadores de inclusão e gênero" (link externo), matéria de Fabrício Marques na revista Pesquisa Fapesp.
"Estudo inédito dimensiona a desigualdade de gênero nas universidades públicas de São Paulo" (link externo), matéria do Jornal da USP.