Reitora da UFSCar participa da 207ª Reunião Ordinária do Conselho Pleno da Andifes
Nos dias 24 e 25 de setembro, a Reitora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e atual Vice-Presidenta da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Ana Beatriz de Oliveira, esteve presente na 207ª Reunião Ordinária do Conselho Pleno. O evento ocorreu na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, e reuniu reitores de universidades federais de todas as regiões do país, além de autoridades governamentais e especialistas, para discutir pautas estratégicas relacionadas à educação superior.
O primeiro dia foi dedicado ao seminário “Universidades e Biomas: Ciência e Sustentabilidade rumo à COP 30”, e durante a abertura a secretária de Cultura do Pará, Ursula Vidal, destacou o papel das universidades como produtoras de conhecimento e parceiras na proposição de um modelo de desenvolvimento sustentável. “A educação transforma. Temos muita esperança na vocação e no compromisso das universidades com esse momento que será histórico”, afirmou.
O Reitor da Universidade Federal do ABC (UFABC), Dácio Roberto Matheus, mediador da mesa de debate, destacou a centralidade da Amazônia e a diversidade de biomas no enfrentamento da crise climática, afirmando sua posição estratégica nas discussões da COP 30, por reunirem ecossistemas e contextos socioculturais únicos no mundo. Durante o painel de abertura, participantes do seminário destacaram o impacto das instituições de ensino nas agendas ambientais e sociais, trazendo em suas apresentações, múltiplas perspectivas sobre conservação, pesquisa e políticas públicas.
A rodada de apresentações explorou os cinco principais biomas brasileiros. O Reitor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Everton Ricardi Lozano, e o Reitor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Edward Frederico, representaram a Mata Atlântica e o Pampa, respectivamente, e apresentaram programas de graduação e pós-graduação, projetos de pesquisa e extensão voltados à sustentabilidade e ao bioma. O Chefe de Gabinete da Reitoria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dan Rodrigues Levy, representando o Sudeste, enfatizou a complexidade da Mata Atlântica, marcada pela devastação e pela alta densidade populacional.
Seguindo as apresentações, no Cerrado, o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Laerte Guimarães Ferreira Júnior, apresentou um panorama do bioma e propôs soluções como a recuperação de pastagens degradadas. O professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Renato Garcia Rodrigues, representando a Caatinga, destacou a biodiversidade do bioma e o papel das universidades na promoção de soluções locais. E na Amazônia, o professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Leandro Juen, ressaltou a riqueza e a escala do bioma, além de defender o fortalecimento de redes de pesquisa e o protagonismo amazônico na produção científica.
Ao final do primeiro dia de reunião do 207º Conselho Pleno, constatou-se que os biomas brasileiros são interdependentes, mas enfrentam desafios variados, como a pressão concentrada no Cerrado e na Amazônia, a carência histórica de proteção no Pampa e na Caatinga e a desigualdade na distribuição de recursos. Entre as propostas discutidas, destacaram-se a criação de institutos nacionais por bioma, a recuperação de pastagens degradadas, a restauração ecossistêmica adaptada a contextos específicos, a proteção de comunidades tradicionais e a integração de educação climática nos currículos.
O segundo dia do encontro, 25/9, contou com a participação de dois representantes da Secretaria de Gestão da Informação, Inovação e Avaliação de Políticas Educacionais (SEGAPE/MEC), Evânio Araújo e Camila Fasolo, que apresentaram a Política Nacional de Dados da Educação. O programa reúne informações integradas da creche à pós-graduação, com acesso seguro e facilitado para cidadãos, gestores públicos e sociedade civil. Durante o diálogo, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, anunciou que o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) destinará R$ 200 milhões para a manutenção de equipamentos em universidades federais.
A sequência de atividades também incluiu uma mesa de debates sobre os desafios para campos da prática na área da saúde. Na ocasião, a diretora de Gestão e Regulação do Trabalho em Saúde do Ministério da Saúde, Evellin Bezerra da Silva e a coordenadora-geral de Relações Estudantis da SESU/MEC, Lucia Pellanda, apresentaram o novo modelo de certificação de hospitais universitários e o Exame Nacional de Residência (Enare). Reitoras e reitores discutiram também a escassez de campos de prática, a ausência de hospitais próprios em diversas instituições e a necessidade de maior apoio estrutural.
Adicionalmente, a Andifes apresentou um levantamento sobre hospitais que recebem estudantes de universidades sem hospital universitário, visando ampliar o credenciamento e fortalecer a formação da prática. O encontro deu continuidade a pautas inicialmente debatidas em junho, em uma reunião com o secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde (SGTES), Felipe Proenço, que discutiu a ampliação de campos de prática para estudantes das universidades federais e o financiamento das bolsas de residência médica, incluindo a regulamentação do auxílio-moradia para residentes.
A Reitora da UFSCar avaliou a importância da discussão para as universidades federais e para a própria Andifes. “É muito importante seguirmos dialogando sobre as especificidades dos campos da prática na área da saúde. Essa discussão reafirma nosso papel estratégico não só enquanto formadores de profissionais da área, mas também como instituições importantes para o fortalecimento do SUS [Sistema Único de Saúde]. Com a constituição de um grupo de trabalho permanente, ligado diretamente à Andifes, conseguiremos encontrar formas de nos aprofundar nas demandas apresentadas e buscar soluções”, afirmou Ana Beatriz de Oliveira.