UFSCar participa de lançamento da Estratégia de Atenção em Saúde Indígena

Em evento realizado no Auditório da Reitoria, UFSCar, Prefeitura e Câmara Municipal de São Carlos lançam estratégia voltada para a saúde indígena.

Na última sexta-feira, dia 29 de agosto, a reitora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Ana Beatriz de Oliveira, participou do lançamento da Estratégia de Atenção em Saúde Indígena do município de São Carlos. O evento foi realizado no Auditório da Reitoria e contou com a presença da vereadora e docente do Departamento de Letras (DL), Fernanda Castelano, do vice-prefeito de São Carlos, Roselei Françoso, do presidente da Câmara Municipal de São Carlos, Lucão Fernandes, do secretário municipal de saúde, Leandro Pilha, da médica especialista em saúde indígena, Karla Pankararu, e do vice-presidente do Centro de Culturas Indígenas (CCI) da UFSCar, Juka Tukano.

A Estratégia de Atenção em Saúde Indígena é fruto de uma parceria entre a vereadora Fernanda Castelano, a Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos e a UFSCar e tem como objetivo valorizar a saúde dos povos indígenas que vivem no município. A partir do mês de setembro, a Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila São José passará a oferecer atendimento especializado para a comunidade indígena. Para isso, a médica Karla Pankararu, que é formada pela UFSCar, se somará à equipe da UBS.

Além de consultas médicas, a Estratégia de Atenção em Saúde Indígena prevê também ações de acompanhamento, prevenção, promoção da saúde e campanhas educativas, pensadas a partir das tradições e práticas culturais indígenas. Durante o lançamento, Fernanda Castelano reforçou a importância de um atendimento especializado para garantir que a população indígena acesse os equipamentos de saúde pública. “Se o censo do IBGE indica a presença de 351 pessoas indígenas no município e temos apenas 10 ou 15 cadastrados na rede municipal de saúde, está faltando uma política pública que consiga atender essa comunidade. Essas pessoas não estão buscando atendimento em saúde, justamente porque o município não fornece um atendimento especializado”, apontou a vereadora.

“Nossa expectativa é de que com o lançamento da estratégia e com o início do atendimento, que será realizado todas as quintas-feiras, no período da manhã, seja possível identificar o tamanho dessa demanda que já sabemos que existe”, complementou Fernanda. Além do atendimento na UBS, a Secretaria Municipal de Saúde pretende realizar, em parceria com a UFSCar, campanhas de vacinação nas dependências da universidade, voltadas para estudantes indígenas e seus familiares.

Neste primeiro momento, Karla Pankararu atenderá todas as quintas-feiras, das 7h às 12h, na UBS Vila São José. “São 351 indígenas, mas são vários povos, várias vivências, vários pensamentos diferentes, várias culturas, então nosso diálogo com a comunidade indígena vai ser grande, para conseguirmos dar o melhor atendimento, da melhor forma possível”, explicou a médica especialista em saúde indígena.

A UFSCar é uma das primeiras universidades brasileiras a organizar um processo seletivo exclusivo para as populações indígenas. Desde 2008, cerca de 60 novos estudantes ingressam anualmente pelo vestibular indígena da instituição, que passou a ser realizado em conjunto com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em 2022. A comunidade acadêmica indígena da instituição se articula no CCI, o Centro de Culturas Indígenas, que organiza as demandas dos estudantes e de suas famílias e promove atividades de fortalecimento e integração cultural na universidade. A política lançada na última sexta-feira responde a uma demanda apresentada pelo CCI à vereadora Fernanda Castelano e deve estabelecer parcerias com o Programa de Extensão Saúde dos Povos Indígenas, do Departamento de Medicina (DMed).

“Estamos celebrando um passo importante que é dado em prol da atenção à saúde da comunidade indígena de São Carlos, que está concentrada predominantemente aqui na universidade”, ressaltou Ana Beatriz de Oliveira durante o evento. A reitora também reforçou a importância do reconhecimento dos saberes tradicionais na ciência. “A atenção especial para a comunidade indígena valoriza a cultura e o saber dos povos originários. Precisamos cada vez mais respeitar esse saber, que às vezes é ignorado no mundo acadêmico, mas tem um papel fundamental nas nossas vidas e um grande potencial para deixar o conhecimento produzido na universidade cada vez melhor e mais forte. Eu não tenho dúvida de que a UFSCar se tornou muito melhor e muito maior pela presença dos povos originários na instituição”, destacou a gestora.